domingo, 31 de maio de 2009

O átomo rebelde

Certa vez um átomo não concordou com o pensamento demasiadamente racional dos outros. Pensava ele que essa vidinha de causa e efeito era muito chata para ser respeitada. Acordar e dormir obedecendo as leis da natureza não tinha a menor graça. A raiva foi tanta que decidiu tomar outro rumo de vida, o mundo de idéias onde nem sempre a razão o guiava. Então, decidiu que não poderia viver o que os outros queriam, mas como nem tudo é flores, a sua mudança repercutiu em uma insatisfação geral. O choque foi iminente, e então houve o primeiro desentendimento do universo. A briga foi tamanha que uma explosão enorme se espalhou por todos os lugares e ninguém entendia mais como as coisas iriam ser daqui para frente. A ordem queria continuar, mas o átomo rebelde fez com que as coisas nunca fossem mais as mesmas. No conflito permamente do bate daqui, rebate dali, nasceu uma coisinha que de tão simples causava medo: A vida.

A vida era tão caótica, que mais parecia com o átomo rebelde do que com a lógica ordenada da natureza. E a vida começou a se desenvolver causando mais descendentes desordenados sobre o mundo. Existiam seres que tinham asas, outros que só nadavam. Uns até sabiam viver entre a água e a terra.

Mas eis que uns se desenvolveram tanto, que começaram a ver que nem só de caos vivia o mundo, e a razão começou como uma sementinha simples, sempre querendo se afirmar sobre a irracionalidade. De tanto insistir, nasce o homem: o único bicho da terra que reunia em si mesmo o caos e a ordem.

O homem pensava que poderia ser mais frio e calculista, mas sempre era acometido de erros infantis. Geralmente, paixões doentias que o fazia dar gritos internos em sua própria consciência.

O átomo desorganizou o mundo, o mundo desorganizou o homem e o homem a quem buscava um motivo para se ordenar, vive até hoje na desorganização de sua própria mente. Êta átomos rebeldes!